CARACAS ? O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou a prisão do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e afirmou que o político responderá por "delitos cometidos contra a paz do país, a segurança e a Constituição", em um discurso transmitido na televisão no fim da noite de quinta-feira. No pronunciamento, Maduro pediu para que o povo esteja preparado para enfrentar qualquer cenário que possa ocorrer na Venezuela, acusando o prefeito de estar envolvido numa suposta tentativa de golpe militar deflagrada na semana passada, com o apoio dos Estados Unidos. O departamento de Estado americano classificou como falsa as acusações de Maduro. Ainda não se sabe do paradeiro de Ledezma, que foi levado pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin).
? Antonio Ledezma será processado pela Justiça venezuelana para que responda por todos os delitos cometidos contra a paz, a segurança, a Constituição. Peço apoio de todo o povo para consolidar a paz, já basta de conspirações ? disse Maduro, completando que o prefeito foi preso "por ordem da Procuradoria".
O presidente venezuelano chamou Ledezma de "vampiro" e afirmou que vai lutar com punho de ferro contra "conspiradores". Maduro reiterou sua denúncia lançada há alguns dias de que a oposição estaria armando, com apoio dos Estados Unidos, uma tentativa de golpe contra seu governo.
Como prova, Maduro citou um documento assinado por Ledezma, pelo também líder opositor Leopoldo López e por María Corina Machado, destituída do cargo de deputada em 2014. Denominado "Acordo Nacional para a Transição", o texto teria sido divulgado pela imprensa local em 11 de fevereiro passado, apresentando uma série de propostas políticas e econômicas.
? Apenas por meio da Justiça, poderemos derrotar essas tentativas de golpe de Estado e dar ao país paz permanente. Quem estiver por trás desses atentados golpistas tem de ir pagar na cadeia, tem de ir preso ? alegou Maduro.
De acordo com a imprensa local, Maduro anunciou que pedirá ao presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e ao procurador-geral que preparem um conjunto de propostas legislativas contra grupos que "fazem política armada e logo depois aparecem com cara de cordeiros para participar das eleições".
Líderes latino-americanos reagiram contra a detenção, classificando-a como arbitrária. O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe pediu a intervenção da OEA.
Repetindo as declarações que fez na semana passada, Jen Psaki, porta-voz do Departamento de Estado americano, aconselhou a Venezuela a "parar de tentar desviar a atenção dos problemas econômicos e políticos do país" com tais acusações, "e concentrar-se em encontrar soluções reais" através do diálogo diplomático.
"As acusações feitas pelo governo venezuelano de que os Estados Unidos estão envolvidos em conspirar por um golpe e pela desestabilização não têm fundamento e são falsas", disse Jen Psaki, em comunicado. "Os Estados Unidos não promovem a desestabilização da Venezuela e muito menos estão tentando prejudicar a economia do governo venezuelano".