Cerca de 20 profissionais da imprensa em Brasília participaram de ato nesta segunda-feira (10) na rampa do Congresso Nacional em homenagem ao repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade. Na última quinta (6), ele foi atingido por um rojão em uma manifestação contra o aumento das passagens no Rio de Janeiro. Nesta segunda, teve constatada a morte cerebral.
O ato contou com a participação de cinegrafistas, auxiliares e fotógrafos. Repórteres também estiveram no local a apoiaram a manifestação. Durante aproximadamente 15 minutos, cinegrafistas e fotógrafos colocaram equipamentos de trabalho no chão e cruzaram os braços. Eles se revezaram para fazer imagens do protesto.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Wanderlei Pozzebon, afirmou que o objetivo do ato foi demostrar solidariedade ao cinegrafista atingido pelo rojão e também para protestar contra a violência sofrida por profissionais da imprensa.
"Acho que é um ato importante. É o momento de ser solidário com a família e chamar a atenção de toda a sociedade para o exercício da profissão de jornalista. Temos que ter o direito e a liberdade de informar. Em vez disso, estamos sendo vítimas da violência", afirmou.
O repórter cinematográfico da TV Globo Robson Bié participou do ato e disse que o protesto também serve de alerta. "É um alerta também para os profissionais e para os cuidados que é preciso ter", disse. Nos últimos meses, ao menos sete fotógrafos ficaram feridos durante manifestações em Brasília, incluindo um atingido por tiro de bala de borracha, dois por bomba de gás lacrimogêneo, dois spray de pimenta.
Nesta segunda, a presidente Dilma Rousseff determinou que a Polícia Federal apoie as investigações sobre a morte de Santiago Andrade. "Determinei à PF que apoie, no que for necessário, as investigações para a aplicação da punição cabível", afirmou a presidente em mensagem publicada em sua conta no Twitter. Dilma disse, ainda, que aMorte cerebral
O cinegrafista da TV Bandeirantes foi atingido na cabeça por um rojão quando registrava o confronto entre manifestantes e policiais durante protesto contra o aumento da passagem de ônibus, no Centro do Rio. Nesta segunda, ele teve constatada a morte cerebral.
Andrade sofreu afundamento do crânio e foi submetido a uma cirurgia após ser levado para o Hospital Souza Aguiar. Desde então, estava em coma induzido no Centro de Terapia Intensiva da unidade.
A explosão foi registrada por fotógrafos, cinegrafistas e câmeras de vigilância instaladas nas proximidades da Central do Brasil.
Após a divulgação das imagens, Fábio Raposo se apresentou na 16ª DP (Barra da Tijuca) e disse à polícia ter passado o rojão ao homem que acendeu o artefato que atingiu o cinegrafista. No depoimento na 17ª DP (São cristóvão), o rapaz disse não conhecer o suspeito de lançar o rojão em meio à manifestação.
No domingo (9), após ter o mandado de prisão expedido pela Justiça do Rio, Raposo foi detido em casa. Ele foi levado na manhã desta segunda para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste.
O advogado Jonas Tadeu Nunes, responsável pela defesa de Raposo, entregou à polícia, na tarde desta segunda-feira, o nome, o codinome e o CPF do autor do disparo do rojão.
A mulher do cinegrafista, Arlita Andrade, fez um desabafo no domingo, em entrevista exclusiva à TV Globo, e disse que "falta amor" às pessoas responsáveis por ferir gravemente seu marido. A declaração foi dada antes da divulgação da morte cerebral do cinegrafista. "Eles destruíram uma família. Uma família que era unida, muito unida mesmo", lamentou. morte do cinegrafista "revolta e entristece".